“Patentes crescem 64% no país em dez anos
Uma análise feita pelo maior banco de dados de patentes do mundo mostra que o número desses registros no Brasil cresceu 64% entre 2001 e 2010, período em que Europa e Japão tiveram declínio de 30% e 25%.
Os números estão em um relatório baseado no DWPI (Índice Mundial Derwent de Patentes) obtido com exclusividade pela Folha (…)
Na década, o país teve 130 mil pedidos de registros 'inovadores' segundo os critérios do DWPI. Na China, que acabou de superar os EUA e o Japão em pedidos de patentes, foram 3 milhões (…)
No período entre 1997 e 2007, ocorreu uma inversão entre o perfil de solicitantes de patentes no Inpi. No início, 64% dos pedidos vinham de fora do país. No último ano, eram apenas 36%.
Esse problema é mais visível quando se observam os maiores solicitantes de patentes do país. Encabeçado pela Petrobras, o grupo dos cinco primeiros tem só empresas estatais e instituições públicas de pesquisa.
Ao todo, 27% das patentes brasileiras são de universidades, para as quais a rapidez não é tão crucial”
Patente é um assunto interessante do qual já falamos aqui e, com a economia crescendo, se tornará cada vez mais relevante no Brasil.
Uma pesquisa muito interessante publicada ontem pelos pesquisadores David J. Munroe (Columbia University), Jennifer Hunt (Rutger University), Hannah Herman e Jean-Philippe Garant (McGill University), mostrou que, até agora, patente é coisa de homem. Menos de 13% das patentes tem uma mulher entre os inventores nos países desenvolvidos (12,3% na Espanha; 10,3% nos EUA; 10,2% na França; e 4,7% na Alemanha, segundo dados de outros pesquisadores).
Para piorar, pouco mais de 73% das patentes registradas por mulheres acabam sendo utilizadas para fins comerciais (que são, em teoria, as patentes mais relevantes).
Embora a pesquisa não abranja o Brasil, não é difícil imaginar que o problema exista aqui também.
Segundo os pesquisadores, o problema maior está na baixa representação das mulheres nas faculdades de engenharia, em especial engenharia mecânica e elétrica (que são as áreas que mais registram patentes), o baixo envolvimento nas áreas de concepção e desenvolvimento de produtos, e a menor proporção de mulheres com doutorado nessas áreas.
Segundo eles, se essas diferenças fossem resolvidas, isso significaria um aumento imediato no PIB per capita americano de 2,7%, ou algo na ordem de US$870 a mais por cabeça.
Pode parecer um percentual pequeno, mas para se ter uma ideia, 2,7% é mais do que a média de crescimento do PIB per capita brasileiro entre 2000 e 2010 (2,4%). Se um aumento semelhante fosse conseguido no Brasil, isso seria o equivalente a R$513 a mais para cada brasileiro, ou seja, quase um salário mínimo.
Essa é apenas mais uma daquelas áreas nas quais o preconceito silencioso acaba nos afetando sem notarmos e, por ser silencioso, a lei tem uma dificuldade incrível de resolver, e as políticas públicas encontradas no Brasil ainda geram polêmicas (como o sistema de cotas raciais nas universidades, para deficientes nos concursos públicos, os de sexos entre os candidatos nas eleições).