“O pedreiro Ademar Jesus da Silva, que disse ter matado seis jovens em Luziânia (cidade goiana próxima a Brasília) em dezembro e janeiro, foi encontrado morto ontem na cela onde estava detido em Goiânia.
De acordo com a polícia, ele se enforcou em uma cela individual da Delegacia Estadual de Repressão a Narcóticos com pedaços de pano arrancados de um colchão. A polícia descarta a hipótese de assassinato.
Silva, 40, estava preso desde o dia 10, quando indicou um local onde seis corpos estavam enterrados. A Polícia Civil diz que o pedreiro oferecia dinheiro para que os jovens, que tinham de 13 a 19 anos, o ajudassem no transporte de materiais de construção. Em um matagal, os rapazes eram estuprados e mortos com golpes na cabeça.
Ninguém se apresentou como advogado do preso. Ao falar com jornalistas, Silva deu diferentes explicações para as mortes. Chegou a afirmar que receberia dinheiro pelos crimes. Também se disse arrependido, pediu perdão e falou que tinha medo de ser morto.
Ele foi transferido para Goiânia e colocado em uma cela em separado por segurança.
Ontem, segundo a polícia, ele conversou normalmente com presos de outras celas e, por volta das 12h, ligou o chuveiro. Ao perceber que ele demorava, outros detentos chamaram os agentes da delegacia, que encontraram o corpo.
A Polícia Civil de Goiás, responsável pela delegacia onde o pedreiro estava, afirma que não foi negligente e que tomou precauções para evitar o suicídio
O corregedor da Polícia Civil, delegado Sidney Costa e Souza, disse que Silva usou para se matar o ‘material mínimo’ que havia sido deixado na cela. Souza afirmou que quando o ‘indivíduo quer morrer’ é difícil evitar e que não havia como deixar um psicólogo ou assistente social observando o preso 24 horas. Uma sindicância foi instaurada para apurar se houve omissão de algum agente. Segundo a Polícia Civil, não havia indícios de que Silva se mataria e presos de celas vizinhas também não desconfiaram.
A dona de casa Gláucia Gomes de Sousa, 26, irmã de um dos jovens desaparecidos, disse que a notícia foi um 'choque'.
‘A gente esperava que ele fosse pagar pelo que ele fez. Agora, não vai sofrer.’
Preso em 2005, Silva havia sido condenado a mais de dez anos de detenção por violência sexual contra dois meninos no DF. Após a libertação, devido ao benefício da progressão de regime, o Ministério Público disse que alertou a Justiça sobre o perigo que o preso representava, argumentando que ‘não existe ex-estuprador’.
Um exame feito em 2008 apontou que o pedreiro era ‘pervertido sexual’ e precisava de tratamento.”
Por que estão todos tão preocupados em afirmas que ele se matou e que os responsáveis pela sua segurança fizeram tudo que fosse razoável para evitar que ele fosse morto ou se matasse? Por que o preso, enquanto estiver preso, está sob a tutela do Estado. Por isso mesmo ouvimos muitos juristas se referindo aos presos como ‘tutelados’, ou ou nos referimos a prisões como 'casas de custódia'. Isso significa que os presos são responsabilidade do Estado (estão sob a tutela do Estado), e que se o Estado não tomar os cuidados devidos e alguma coisa acontecer com o ‘tutelado’ enquanto ele estiver preso, o Estado é responsável, inclusive financeiramente. Em outras palavras, ele teria de ressarcir a família do preso. É por isso que vemos declarações como ‘tomou precauções para evitar o suicídio’, ‘não foi negligente’, ‘descarta a hipótese de assassinato (sic)’ , foi deixado um ‘material mínimo’ na cela e não havia como deixá-lo sob observação 24 horas. O que todas essas pessoas estão dizendo é: fizemos tudo pque era possível para protegê-lo enquanto ele estava preso, não fomos negligentes ou imprudentes. Tomamos os cuidados necessários, mas ainda assim ele conseguiu matar-se. Logo, não temos culpa.