“Rodolfo Bottino (1959-2011): Ator de novelas da Globo e chef de cozinha
Ainda guri, Rodolfo Bottino gostava de se enfiar na cozinha e preparar pequenos banquetes para a família. Sua especialidade era o talharim.
O talento na cozinha só rivalizava com o gosto pelos tablados. Na escola, vira e mexe estrelava uma peça teatral.
Mais velho, Rodolfo não precisou tirar no par ou ímpar: abraçou os dois hobbies.
Dos anos 80 para cá, deixou o diploma de engenharia na gaveta para virar ator de novela e chef de cozinha.
Típico garotão de Ipanema, de porte atlético e madeixas escuras, viveu em 1986, aos 27, Lauro em ‘Anos Dourados’ (…)
Em 1985, quando participou da novela ‘Ti Ti Ti’, chegou a atrair ‘filas monstruosas’ de fãs à caça de autógrafo, lembra o irmão Cláudio (…)
Ainda nos anos 80, Rodolfo inaugurou o restaurante Madrugada, no Rio. Como na infância, seu talharim registrava os picos de audiência.
Mais recentemente, foi apresentador do Shoptime e estrelou ‘Risotto’, baião de dois com culinária e teatro (…)
Rodolfo era portador de HIV desde os anos 90, fato que trouxe à tona há poucos anos. Em 2006, driblou um câncer de pulmão.
Morreu de embolia pulmonar no domingo, em Salvador, onde vive parte da família. O enterro será hoje, no cemitério São João Batista, no Rio".
Na matéria acima o óbito foi em um estado mas o enterro será em outro. Você provavelmente nunca entrou em um carro funerário, mas provavelmente já viajou em um avião carregando um caixão com os restos mortais de alguém, e não percebeu.
Mas o transporte aéreo dos restos mortais é feito de uma forma muito específica, de acordo com normas da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e depende de para onde os restos mortais estão indo e quanto tempo transcorrerá entre a morte e o enterro (chamado também 'inumação'). A ideia é que quanto mais os restos mortais tiverem que viajar (tempo + distância) mais o corpo se decomporá e, consequentemente, maior será a possibilidade de criar algum problema para os vivos, desde mau cheiro até passar a colocar em risco a saúde.
Em casos de transporte intermunicipal e interestadual, se o tempo entre a morte e o sepultamento ficar entre 24 e 48 horas (entre 1 e 2 dias), o cadáver precisa ser formolizado (método de conservação de restos mortais com o objetivo de promover sua conservação de forma temporária) e transportado em uma urna funerária impermeável chamada ‘Tipo II’, que é aquela caixa externa de madeira com espessura mínima de 3 cm e forrada internamente com folhas de zinco soldadas. Essa regra também é aplicada em casos de transporte internacional que fique na mesma janela de tempo.
Se o tempo entre morte e sepultamento for superior a 48 horas, as regras mudam e os restos mortais precisam ser embalsamados (método de conservação de restos mortais com o objetivo de promover sua conservação total e permanente, e não apenas temporária) e a urna ‘Tipo II’ precisa ser não só impermeável e fechada hermeticamente, como também lacrada. Essa regra é também aplicada para o transporte internacional dos restos mortais de alguém.
Mas existem mais duas regras importantes: primeiro, o caixão deve conter detalhes como nome, a idade e o sexo da pessoa falecida; a origem e destino final dos restos mortais humanos e a orientação quanto aos cuidados em seu manuseio. A ideia aqui é não só evitar o extravio (sim, se as empresas aéreas perdem bagagem, também perdem caixão), mas também que os restos mortais de uma pessoa sejam enterrados pela família errada. Isso porque é possível que o avião (ou navio) esteja transportando mais de um caixão.
Segundo, a urna funerária deve conter não só os restos mortais da pessoa, mas também amostra de cada substância utilizada no procedimento de conservação, acondicionada em frasco impermeável e lacrado. Isso é para caso seja necessário investigar se os restos mortais foram devidamente preparados.