É por isso que nunca vemos na imprensa imagens de menores quando elas cometem ou são vítimas de crimes. E é por isso também que não divulgamos seus nomes, iniciais, nome dos pais, endereço, nome da rua, do colégio etc: tudo isso identifica ou pode levar à identificação do menor.
Óbvio que é algo controverso, afinal, um adolescente de 17 anos provavelmente tem o mesmo grau de discernimento de um adulto de 18 anos. E a ideia da divulgação da imagem não é apenas ‘punir’ moral e socialmente o menor delinquente, é também ajudar potenciais vítimas a saberem que tal pessoa representa um perigo (algo como 'mantenha distância'), e ajudar as vítimas a identificar o autor do crime. Pense nisso: estupradores normalmente estupram várias vítimas ao longo de suas vidas criminosas, mas um menor estuprador apreendido em flagrante nunca será identificado por outras vítimas porque sua imagem não é divulgada.
Até aí, tudo bem. É uma opção social válida e defensável.
Onde o problema existe é a razão pela qual não divulgamos a imagem: não divulgamos porque o menor é alguém vulnerável, que, segundo nossa lei, por não ter o desenvolvimento intelecto-emocional completo, não deve ser punido por seus erros e não deve ser colocado em uma situação na qual esteja exposto à execração pública. Daí que sua imagem ou nome nunca são divulgados.
Mas há uma outra classe de pessoas que está exatamente no mesmo grupo: os loucos.
Ainda que adultos, os mentalmente incapazes são protegidos pelas leis penal e civil. É por isso que quando o louco mata ele é enviado para o manicômio e não para a prisão. É por isso que quando o louco assina um contrato seu ato não tem validade jurídica. É por isso que quando alguém faz sexo com um louco, é estupro. Tudo isso é idêntico ao tratamento dado a uma criança. Às vezes, a lei protege até mais o louco (por exemplo, apenas o menor de 14 anos não pode fazer sexo. Entre 14 e 18 anos, pode).
Embora o louco e o menor sejam tratados quase que de forma idêntica nas diversas leis do país, quando chegamos à preservação da imagem e personalidade, os tratamentos são bem diferentes.
É por isso que vemos imagens de loucos em centros de tratamento jogados em condições desumanas (as mesmas condições existem em vários centros de internação de menores, mas nunca vemos suas faces), vemos imagens e nomes de loucos sendo divulgados pela imprensa, e assim por diante.
O interessante aqui é que a mesma sociedade que decidiu que era muito chocante divulgar a imagem do menor delinquente, acha natural divulgar a imagem do louco delinquente. Ainda que, em todo o resto, os trate de forma semelhante.