“SP tem a quinta maior taxa de homicídios entre 35 grandes cidades Relatório publicado pelo setor de drogas e crime da ONU (Organização das Nações Unidas) aponta que a cidade de São Paulo teve a quinta maior taxa de homicídios entre as 35 grandes cidades que enviaram informações relativas a 2012.
Com 14,2 assassinatos intencionais por 100 mil habitantes, ela ficou à frente, por exemplo, de cidades como Nova York (taxa de 5,1), Paris (1,8) ou Roma (0,9).
As primeiras quatro colocadas no ranking são da América Latina. A Cidade do Panamá lidera, com taxa de 53,1 homicídios por 100 mil habitantes, seguida por San Salvador, em El Salvador (52,5), San José, na Costa Rica (17,7) e Bogotá, na Colômbia (16,5).”
Esse é um clássico exemplo onde temos que nos ater à linguagem técnica para não confundir.
O título se refere a homicídios e o segundo parágrafo a ‘assassinatos intencionais’, o que quer que isso signifique (tecnicamente, isso não existe).
O problema todo começa porque o nome do relatório é Global Study on Homicide 2013 (os dados citados são esses). O jornal traduziu, literalmente, a palavra ‘homicide’ por ‘homicídio’, no título, e para ‘assassinato intencional’ (sic) no texto.
Só que ‘homicídio’ é um termo que tem diferentes conotações dependendo do país. O que chamamos de homicídio doloso no Brasil é chamado, em boa parte dos Estados dos EUA, de second degree murder e murder na Inglaterra. Já o termo 'homicide' na Inglaterra engloba, além do murder (o nosso homicídio), o infanticídio e o homicídio culposo (que não envolve intenção de matar) e outros.
Justamente para não comparar alhos com bugalhos é que a pesquisa tem o seu próprio conceito de o que é ‘homicide’: "an unlawful death purposefully inflicted on a person by another person", ou seja, a morte ilegal propositalmente infligida por uma pessoa.
Sim, nosso homicídio entra na conta, mas outros tipos de morte também entram nessa definição. Por exemplo, o latrocínio, que é o roubo seguido ou precedido de morte, também é uma morte ilegal propositalmente infligida por uma pessoa. O nosso infanticídio também entra na definição.
Para evitar a confusão é que devemos nos referir à definição usada pela pesquisa e não tentarmos ajustar a pesquisa às definições técnicas brasileiras.