“Superacelerador acha sua primeira nova partícula
Pesquisadores britânicos anunciaram a primeira descoberta oficial de uma nova partículas pelo LHC (Grande Colisor de Hádrons, na sigla inglesa).
Embora não seja uma descoberta muito significativa do ponto de vista da física, o resultado mostra que o maior acelerador de partículas do mundo começa a dar frutos.
A partícula é um méson com nome esquisito: Xi_b(3P). Instável, é composta por dois quarks que se ligam por um breve instante, antes do decaimento.
Quarks são os tijolos básicos do núcleo dos átomos. Em duplas, formam os mésons, que duram apenas frações de segundo. A nova partícula já era prevista pela teoria, e nada do que foi visto fugiu ao esperado”
O LHC é um equipamento de pesquisa construído pelo (e que pertence ao) CERN, a Comissão Europeia de Pesquisa Nuclear. Mas não é o único.
A Comissão foi fundada em 1954, muito antes do início da construção do LHC (aprovado em 1995) e mesmo antes das três teorias que levaram à sua construção, que são da década de 1960. A Comissão é uma organização internacional formada por 20 países (Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Dinamarca, Eslováquia, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hungria, Itália, Noruega, Portugal, Polônia, Reino Unido, República Tcheca, Suécia e Suíça. Israel e Romênia são candidatos a membros e a Romênia é atualmente um país membro associado). Seu objetivo é simples: fazer pesquisa de ponta na área de física nuclear (pura e fundamental).
Para gerenciar o que é hoje o maior e mais caro projeto científico do mundo, financiado por duas dezenas de países, atraindo mais de 10 mil cientistas visitantes todos os anos, empregando diretamente 2.400 pessoas (e mais da metade dos pesquisadores de partículas do mundo), e que hospeda alguns dos melhores cientistas do mundo, são necessárias regras e tratados. O principal deles é a Convenção para o Estabelecimento da Organização Europeia de Pesquisa Nuclear. É essa convenção que estabelece o funcionamento da Comissão.
No topo do CERN está a o Conselho do CERN, responsável pela liderança técnica, administrativa e científica da instituição. Esse Conselho é composto de dois representantes de cada um dos 20 países membros, um representando o país membro e o outro representando os interesses da comunidade científica daquele país. Como cada país tem direito a apenas um voto, os dois representantes daquele país precisam primeiro chegar a um acordo entre si (um acordo entre interesses do ‘governo’ e da ‘ciência’). As decisões do Conselho são tomadas por maioria simples.
Como na ONU, abaixo do Conselho (no caso da ONU, da Assembleia Geral), está o Diretor-Geral (no caso da ONU, o Secretário Geral) , que se reporta a ele e é escolhido por ele para um mandato de 5 anos. Sua função é facilitar a tomada de decisões pelo Conselho e liderar a implementação dessas decisões em nome do Conselho.
O Conselho é também assistido por dois comitês. O primeiro é o Comitê de Política Científica, composto de cientistas escolhidos por outros cientistas e com base em seu conhecimento, sem qualquer relação com sua nacionalidade de origem. O segundo é o Comitê Financeiro, que é formado por tecnocratas vindos (e que representam os interesses) dos países membros.
Além do Diretor-Geral, há outras três diretorias no CERN, cada uma responsável por alguns departamentos:
- Pesquisa e Computação (responsável pelos departamentos de TI e Física)
- Aceleradores e Tecnologia (responsável pelos departamentos de Feixes, de Engenharia, e de Tecnologia)
- Administração e Infraestrutura (responsável pelos departamentos de Serviços de Infraestrutura, de Recursos Humanos, e de Finanças, Compras e Transferência de Conhecimento)
E por que tanto interesse? Bem, ao contrário da maioria dos outros centros que fazem pesquisa, que têm objetivos práticos específico, o CERN faz pesquisas sem um objetivo prático específico. Eles fazem pesquisas para o avanço do conhecimento científico. Eles primeiro descobrem ‘algo’ ou comprovam a existência de 'algo' que se suspeitava existir (como é o caso da matéria acima), e depois fica a cargo do mundo encontrar uma finalidade para esse ‘algo’. Foi assim, por exemplo, que a própria internet surgiu: os cientistas do CERN queriam encontrar uma forma de organizar a informação e se comunicarem mais facilmente. E coube ao resto do mundo encontrar uma utilização para ela.
As pesquisas realizadas no CERN já levaram quatro prêmios Nobel de física (1976, 1984, 1988 e 1992).