1) "Em troca de privilégios em licitações para obras públicas e de emendas parlamentares, o empresário Zuleido Soares Veras, preso pela Polícia Federal na semana passada, tinha por hábito financiar campanhas políticas de candidatos de diferentes partidos em eleições para governos estaduais, prefeituras, Câmara dos Deputados e assembléias legislativas."
2) "Também aparece nas investigações o nome do ex-governador de Sergipe João Alves Filho (DEM), cujo filho, João Alves Neto, está preso. O procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, diz que ele tinha conhecimento da suposta atuação irregular do filho."
Repare que no primeiro texto existe uma afirmacao direta do jornalista. Entende-se que ele presenciou o fato ou que ele consegue compreender a vontade do sujeito da acao (ele sabe que era em troca de privilegios). Ele tem certeza do que ocorreu. Ninguem disse a ele e tampouco eh uma suposicao. Ja no segundo texto, ele reporta o que lhe foi dito por alguem (fulano de tal diz alguma coisa).
Em qualquer texto jornalistico, mas especialmente em materias quentes, eh importante o autor deixar claro - inclusive para si mesmo - (a) se ele esta reportando algo que lhe foi dito por terceiro e/ou que ele investigou, ou (b) se ele esta reportando algo sobre o qual tem conhecimento direto (ele viu, ele presenciou), ou (c) se ele esta formando um juizo de valor/apenas emitindo sua opiniao/formulando uma suposicao.
Quando jornalistas reportam como certas informacoes recebidas de terceiros, ele esta na pratica corroborando sua fonte e assumindo a responsabilidade pelo que foi dito. Ate que haja transito em julgado da condenacao (ou seja, quando nao cabe mais qualquer recurso), eh muito perigoso assumir essa posicao. Eh como se tornar fiador de um desconhecido. E mesmo com o transito em julgado, ainda eh perigoso. Basta ver o caso dos Irmaos Naves.