“A cidade de São Paulo voltou a registrar queda de homicídios dolosos, mas, por outro lado, viu crescer mais uma vez a maior parte dos crimes contra o patrimônio.
Os dados disponibilizados ontem pelo governo paulista mostram que nos primeiros quatro meses do ano as mortes intencionais caíram 37% na cidade em comparação ao mesmo período do ano passado, puxando uma redução em todo o Estado de 16%.
No recorte do primeiro trimestre, a capital já havia tido uma redução de 41% nesse tipo de crimes e o Estado 19%, na mesma comparação.
Essa tendência de queda é vivida desde 1999. No mês passado, o Estado deixou de ter uma epidemia de homicídios. Nos últimos 12 meses, São Paulo teve menos de dez assassinatos para cada grupo de 100 mil habitantes.
Ficou, assim, dentro do considerado tolerável pela OMS (Organização Mundial de Saúde). Em 1999, o índice no Estado chegou 35,3.
A nova redução deixou São Paulo numa situação ainda melhor com um índice de 9,83 (ante 9,92, em março) assassinatos para grupos de 100 mil habitantes. A capital caiu para 9,76 (ante 9,97).
O sucesso na taxa de assassinatos não se repetiu nos crimes contra o patrimônio.
Dos quatro indicadores passíveis de comparação, houve crescimento em três deles na capital. Os furtos comuns aumentaram 24%, os de veículos 5% e os roubos de veículos 4,5%. Houve redução no roubo comum, -2,4%.
O comandante da PM, coronel Álvaro Camilo, disse que o crescimento não significa necessariamente um aumento da criminalidade.”
Quando vamos fazer comparação de dados estatísticos criminais – ou qualquer outro dado estatístico – é importante colocarmos as coisas em contexto e dizermos o que o resultado significa. Por exemplo, se compararmos os dados acima, veremos que não sabemos se, no total, houve mais ou menos crimes em São Paulo. Sabemos que a quantidade de homicídios caiu e que a de furtos aumentou, mas não sabemos se o total de crimes aumentou ou diminuiu.
As duas tabelas abaixo ajudam a entender por que é tão importante olharmos não só as mudanças percentuais, mas também os números globais. Para facilitar, elas usam apenas os dois principais dados estatísticos da matéria: os homicídios caíram 37% e os furtos aumentaram 24%.
Como não sabemos os números globais de cada crime ou de todos os crimes somados, não podemos saber se o número total de crimes diminuiu na cidade: