O psicólogo Paul Slovic elaborou uma lista bem interessante:
- Potencial catastrófico: quanto maior o número de vítimas em potencial, maior será nossa percepção de risco. É por isso, por exemplo, que um potencial ataque terrorista parece mais arriscado do que morrer afogado na banheira, ainda que o segundo cause muito mis mortes (nos EUA, 341 pessoas por ano morrem afogadas na banheira).
- Familiaridade: novos riscos nos fazem sentir mais medo do que riscos conhecidos. O vírus Ebola parece mais arriscado do que o da malária porque é menos conhecido, embora o segundo mate milhões de vezes mais (o ano em que mais matou - 1976 - o Ebola causou a morte de 280 pessoas. Malária mata 100 pessoas por hora ao redor do mundo).
- Benefícios: se desconhecemos os benefícios, a percepção de risco aumenta. É por isso que novos tratamentos e medicamentos parecem ser mais perigosos do que realmente são.
- Compreensão: achamos que o que não compreendemos é mais arriscado do que de fato é. Por isso achamos que o avião é mais perigoso do que de carro: o primeiro é mais complexo e por isso menos compreensível, embora o segundo seja de fato o mais perigoso.
- Controle pessoal: achamos que aquilo que não controlamos é mais arriscado do que aquilo que controlamos. É por isso que sempre achamos que somos melhores motoristas do que de fato somos: a sua probabilidade de morrer sentado no banco de passageiro é mais ou menos a mesma do que se estiver dirigindo o carro.
- Voluntarismo: achamos que aquilo que escolhemos oferece menos risco do que aquilo que nos é imposto. É por isso que os (bons) médicos perguntam aos pacientes se estão de acordo com o tratamento proposto, ainda que o paciente não entenda nada de medicina
- Envolvimento pessoal: nosso instinto de sobrevivência nos leva a crer que há mais risco quando estamos pessoalmente envolvidos. Achamos que nossa cirurgia é mais arriscada do que a do paciente no quarto ao lado, ainda que seja exatamente a mesma cirurgia e tenhamos as mesmas condições de sobrevivência.
- Crianças: se a situação envolve crianças, achamos que ela é mais arriscada. Somos biologicamente programados para protegermos as crianças e perpetuar nossas espécie. É por isso que as plaquinhas ‘bebê a bordo’ fazem tanto sucesso: ela aumenta a sensação de risco dos outros motoristas, que passam a dirigir com mais atenção.
- Futuras gerações: no mesmo sentido do ponto anterior, se há potenciais consequências para futuras gerações, achamos que há mais riscos. Por isso sentimos tanto medo em relação a alimentos transgênicos.
- Personalização da vítima: atribuímos maior risco se conseguimos identificar a potencial vítima. Determinada situação parece mais perigosa quando a notícia diz que fulano pode morrer do que quando ela diz que inúmeras pessoas podem morrer. Sua sensação de insegurança aumenta muito mais quando você ouve falar que um conhecido foi vítima de um crime do que quando foi um estranho na mesma rua.
- Reversibilidade: Aquilo que é irreversível parece ser mais arriscado do que aquilo que podemos modificar. Por isso sentimos tanto medo do casamento e por isso a facilitação do divórcio aumentou o número de casamentos: como passou a ser mais facilmente reversível, achamos que é menos arrsicado.
- Pavor: Achamos que aquilo que nos causa pavor é mais arriscado. Uma montanha russa nos parece mais arriscada do que andar de carro, embora o risco real na primeira seja insignificante. E achamos que morcegos são mais perigosos do que pombos. E o número de pessoas mortas por picada de aranha é mais ou menos o mesmo do número de pessoas mortas por fogos de artifício, ainda que a primeira pareça muito mais arriscada.
- Confiança: se não confiamos nas instituições ou pessoas envolvidas, achamos que é mais arriscado do que se confiamos. Campanhas eleitorais utilizam-se dessa tática todo o tempo: ‘Meu adversário é de uma partido pouco confiável, logo, ele é mais arriscado’.
- Histórico de acidentes: se já houve um incidente, achamos que o risco aumenta. Logo depois do ataque terrorista de 11 de setembro, os americanos passaram a viajar mais de carro porque não confiavam na segurança do transporte aéreo. A consequência é que, como a probabilidade de morrer em um acidente de carro é maior, mais pessoas passaram a morre do que se continuassem a viajar de avião. E o irônico é que, depois dos ataques, viajar se de avião se tornou mais, e não menos, seguro do que antes porque as portas das cabines foram reforçadas.
- Mídia: nossa percepção de risco aumenta se algo está na mídia. Todas as vezes que algum documentário sobre profecias do fim do mundo vai ao ar, o número de pessoas que acreditam que o mundo chegará ao fim aumenta, ainda qu planeta e sociedade continuem os mesmos do dia anterior.
- Igualdade: aquilo que atinge a todos igualmente parece apresentar menos risco do que aquilo que aflige alguns e beneficia outros. A poluição do ar parece ser menos arriscada do que de fato é porque ela atinge a todos igualmente.
- Origem: quando o risco é criado pelo ser humano ele parece ser maior do que quando criado pela natureza. Sua chance de morrer em um ataque terrorista é muito menor do que de morrer atingido por um raio elétrico, mas o primeiro parece mais arriscado.
- Momento: perigos imediatos parecem mais arriscados do que perigos futuros. Por isso nos empanturramos de doce e gorduras, mas rezamos antes do avião decolar. O ataque cardíaco é um perigo futuro, mas o avião é um evento atual.