“O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, disse ontem não ter nada a dizer ao governo espanhol, que havia pedido explicações por supostos laços de Caracas com as Farc (as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e o grupo separatista basco ETA.
"Não tenho nada a explicar e exijo respeito à soberania da Venezuela", disse Chávez, em referência ao presidente de governo da Espanha, José Zapatero.
Ele cobrara o venezuelano após a investigação de um juiz espanhol revelar, na última segunda, suposta "cooperação" com os grupos. Chávez já dissera que as acusações são "restos do passado colonial".”
Nós já vimos aqui que juiz brasileiro não acusa. Regrinha básica de justiça é que quem prende não deve vigiar (é por isso que as polícias não gostam de tomar conta de cadeia e presídios), quem investiga não deve acusar (é por isso que existe tanto debate sobre o poder do Ministério Público investigar), quem acusa não deve julgar, e quem julga não deve executar (por isso juiz não toma conta de presídio).
Mas sempre que vemos notícia sobre os judiciários espanhol e italiano ouvimos falar que um magistrado acusou (lembram-se da Operação Mãos Limpas, na Itália, ou do pedido de prisão do Pinochet feito pela Espanha ao Reino Unido?). Isso ocorre porque - resquício histórico da inquisição - nesses dois países as funções que no Brasil são exercidas separadamente por duas instituições distintas - Ministério Público e Judiciário -, lá são exercidas por um grupo chamado de juízes. Quando traduzimos, acabamos usando o termo usado por lá, mas, na verdade, eles estão exercendo funções que, no Brasil, seriam traduzidas como ‘membro do Ministério Público”