“Russomanno fez propostas controversas no Congresso
Na dianteira da disputa pela Prefeitura de São Paulo, o ex-deputado Celso Russomanno (PRB) apresentou ao Congresso projetos controversos e que aumentam os privilégios de políticos.
Russomanno foi quatro vezes deputado federal, com mandatos de 1995 a 2007, quando deixou a Câmara para disputar o governo de SP.
Desde que entrou para a política, mudou três vezes de partido, passando por PFL, PSDB e PP. Hoje, está no PRB.
Uma de suas propostas garantiria a todos os congressistas portar arma para autoproteção quando estivessem sozinhos e ‘desprotegidos’ (...)
O candidato também apresentou projeto que aumenta em um terço a pena de quem caluniar, injuriar ou difamar congressistas, vice-presidente e ministros do Supremo Tribunal Federal (…)
Russomanno também tentou alterar a legislação para garantir a distribuição de hormônios a presos por crimes sexuais, condenados ou não, que inibam o desejo sexual”
Sempre vemos avaliações de parlamentares baseadas em sua presença física no plenário. De acordo com a lógica desses rankings, quanto mais presente, melhor. O que eles esquecem é que presença não é qualidade. Todos nós tivemos ao menos um colega em sala de aula que estava sempre presente mas nunca entendia nada. O mesmo ocorre no Legislativo.
Óbvio que alguém que está sempre ausente não está fazendo aquilo para o que é pago pelos contribuintes. Mas estar sempre presente também não significa que está.
Tão importante quanto sua presença é a qualidade de sua presença.
Mas como medir a qualidade de um parlamentar?
Deixando de lado o debate sobre os méritos do candidato acima, a matéria dá uma boa dica: olhando a quantidade de propostas fantasiosas que ele apresenta. Propostas que são em causa própria ou para beneficiarem seus doadores, impraticáveis e ou meramente populistas.
Ao contrário dos candidatos eleitos para o Executivo, os membros do Legislativo não têm obrigação de implementar suas ideias. Eles apenas as aprovam. A ‘batata quente’ que é a implementação fica nas mãos do Executivo. Por isso maus parlamentares tendem a apresentar propostas inconsequentes ou irresponsáveis já que eles não terão dor de cabeça se forem aprovadas.
Mas como essas propostas não têm nenhum mérito intrínseco ou são claramente inconstitucionais, a maior parte delas acaba nunca sendo votada. Elas só tomam espaço e tempo no Legislativo. Espaço e tempo que poderiam estar sendo usados para projetos realmente relevantes. Como o objetivo do parlamentar é apenas poder falar ‘apresentei tal projeto mas os meus colegas – que são piores do que eu – o rejeitaram’, ele não está nem aí se seu projeto nunca for aprovado. O que ele quer é apenas o mérito de tê-lo apresentado para poder usar como trunfo em sua reeleição.
Você, por exemplo, já contou quantos candidatos à reeleição dizem que apresentaram projetos de salário mínimo de valores altíssimos?
Bem, um deputado que não apresenta nenhum projeto é porque não está interessado em nada. E um deputado que apresenta milhares de projetos pode estar apenas criando uma cortina de fumaça que atrapalha mais do que ajuda. Qual a solução? Olhe a proporção de projetos aprovados em relação a projetos apresentados: se ela for alta é porque ele ao menos leva seus projetos a sério. Se for baixa é porque ou nem ele não leva seus projetos a sério ou porque ele não tem qualquer força política. Em ambos os casos, reelegê-lo é perda de tempo.
PS: Já que estamos no assunto, um outro indicativo interessante é a atenção que ele dá aos eleitores: escreva um email para ele. Faça perguntas pertinentes a respeito dos projetos que apresentou etc (não pedidos!). E veja quanto tempo ele demora para responder (bons parlamentares respondem em um ou dois dias. Ótimos respondem no mesmo dia) e a qualidade da resposta (ele realmente leu seu email ou apenas enviou uma mensagem padrão que não responde suas perguntas?)