“Partidos ou coligações terão de romper a barreira dos 300 mil votos para eleger neste ano ao menos um deputado federal em São Paulo, 11 mil a mais que em 2006.
O cenário no Estado, que tem 41 milhões de habitantes e 70 cadeiras na Câmara, mostra que a disputa por um mandato se torna mais difícil, já que não houve redefinição do número de vagas destinadas a cada Estado pelo Congresso e pelo Tribunal Superior Eleitoral.
Na eleição federal de 2006, a soma dos votos válidos dividida pelo número de vagas resultou no quociente de 296.987 votos em São Paulo.
Agora, deve chegar a 308.070, mantida a taxa de votos brancos, nulos e abstenção da eleição passada, considerando o eleitorado de março deste ano.
Ou seja, as coligações ou os partidos precisam ter essa quantidade de votos para eleger ao menos um candidato em São Paulo e participar da distribuição da sobra de vagas. Em Minas Gerais, o quociente estimado é de 186.687; no Rio, 178.923.
É por conta desse quociente que nem sempre quem se elege é quem alcança mais votos na disputa para a Câmara dos Deputados.
Um candidato, mesmo sendo o mais votado, poderá não conquistar vaga se o seu partido não alcançar o número mínimo de votos.
PT e PSDB, em São Paulo, estimam que será eleito quem tiver, em média, 120 mil votos. O PT fará aliança com PC do B, PRB e PT do B e espera eleger 20 deputados federais, 16 do partido.
Os tucanos, que se aliaram ao DEM e ao PPS na chapa proporcional, avaliam que sua bancada deve ir de 17 deputados para 19.
Na semana passada, a Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou emenda constitucional que transforma a eleição de deputado federal e vereador em majoritária, na qual se elege quem tiver mais votos.O objetivo é justamente acabar com o chamado "efeito Enéas", o ex-deputado do Prona (morto em 2007) que teve 1.573.642 votos na disputa de 2002, o que ajudou a eleger a eleger outros quatro deputados, um deles com apenas 382 votos.”
É isso mesmo. Para calcularmos quantas cadeiras cada partido irá receber, calculamos o quociente eleitoral, que é o total de votos válidos dividido pelo total de cadeiras disponíveis. Assim, se o estado de São Paulo tem 30 milhões de eleitores (os 41 milhões de habitantes apontados na matéria não importam, pois muitos habitantes – menores de 16 anos, estrangeiros, presos cumprindo pena, conscritos, alienados mentais etc – não votam), mas apenas 25 milhões votam, e desses, apenas 20 milhões têm votos válidos (não anulam o voto, nem votam em branco), o quociente eleitoral será 20 milhões dividido pelas 70 cadeiras às quais o estado tem direito na Câmara.
Para descobrirmos quantas cadeiras cada partido terá direito, temos que calcular o quociente partidário, que é a divisão do numero de votos que um partido recebeu dividido pelo quociente eleitoral.
Contam como votos do partido tanto os votos dados à legenda quanto a soma de todos os votos recebidos por todos os candidatos daquele partido. É por isso que os partidos buscam sempre pessoas famosas (apresentadores de TV, artistas, etc) ou com nomes reconhecidos pela comunidade (líderes comunitários, professores etc): se número de votos que aquele candidato muito conhecido receber for muito maior do que o quociente eleitoral, ele não só será eleito, mas também irá ajudar a eleger outros candidatos daquele partido que não tiveram grandes votações e, muitas vezes sequer eram conhecidos pelos eleitores. Esses candidatos são eleitos não pelos méritos de suas próprias propostas, mas por estarem filiados a um partido que conseguiu atrair outros candidatos de renome. É também por isso que os partidos se preocupam tanto em perder pessoas de renome (desfiliação) e gastam tanto tempo e dinheiro tentando atrair pessoas de renome filiadas a outras legendas.