“Metade dos alunos matriculados em duas turmas do primeiro ano do curso técnico de mecânica oferecido pelo Instituto Federal de São Paulo ainda não pôde assistir a aulas de física neste ano.
Na escola, mantida pelo governo federal, o professor se recusa a atender a classe inteira, formada por 40 estudantes, de uma só vez e, por isso, dispensa os estudantes com número ímpar da lista de presença.
As turmas deveriam ser assumidas por dois docentes, mas o segundo professor ainda não foi contratado pela escola. O problema ocorre desde 14 de fevereiro.
De acordo com os alunos da escola federal, o professor afirma que é pago para dar aulas a 20 estudantes por sala e que não aceita revezar a turma porque não quer dar a mesma aula duas vezes.
A demora na solução do problema preocupa os estudantes. Ele temem que a reposição de aulas só ocorra durante as férias ou então aos sábados. 'E não é só isso. As duas principais matérias do curso de mecânica são matemática e física, que não temos', diz um dos alunos, de 16 anos.
Mas a explicação para a decisão do professor, que não foi localizado pela reportagem ontem, também tem um argumento físico, por assim dizer: segundo outro estudante, de 14 anos, não há espaço para todos. 'As aulas de física são no laboratório, que tem só 20 mesas', disse.
O Instituto Federal de São Paulo afirmou, por meio de nota oficial, que a situação deve ser resolvida dentro de 15 dias.
De acordo com a nota da escola, todas as aulas de física perdidas pelos alunos que fazem parte das turmas ímpares serão repostas”.
E o que é o Instituto Federal de São Paulo?
Ele é o que até 2008 era chamado de CEFET ou centro federal de educação tecnológica. Havia mais de três dezenas deles espalhados por todo o país. Mas desde a publicação de uma nova lei – 11.892/08 – eles passaram a ser chamados de institutos federais.
São 37 institutos federais ao todo, e surgiram ou da transformação de um CEFET em um instituto federal (caso do CEFET-SP), ou da fusão entre um ou mais CEFETs e escolas agrotécnicas federais, ou fusão de escolas agrotécnicas federais ou escolas técnicas federais.
De todos os CEFETs que existiam antes de 2008, sobraram apenas dois: o do Rio de Janeiro (chamado Celso Suckow da Fonseca) e o de Minas Gerais. Todos os demais se transformaram em institutos federais.
Não podemos confundir esses institutos federais (e os dois CEFETs restantes) com as escolas técnicas vinculadas às universidades federais. Enquanto os dois primeiros são autarquias independentes, as escolas técnicas são órgãos das universidades federais (como se fossem departamentos ou faculdades dentro da universidade federal).
Tanto as universidades federais, quanto os dois CEFETs restantes quanto os novos institutos federais são vinculados ao Ministério da Educação.