"Inflamável
O Planalto demonstrou a dirigentes do PT preocupação com o potencial explosivo de atos em desagravo aos condenados no mensalão, como o de hoje, em Osasco, comandado por João Paulo Cunha. O governo teme que o evento, para o qual foram convidados José Dirceu, Delúbio Soares e José Genoino, seja visto como 'afronta ao STF'. Assessores próximos de Dilma Rousseff recomendam a petistas que se atenham a discursos de análise eleitoral, sem ataques aos ministros".
Existe uma linha que separa a liberdade de expressão do desrespeito às instituições democráticas, e temos que caminhar com cuidado do lado certo dessa linha, sob o risco de, mesmo que inadvertidamente, acabemos fazendo apologia de um golpe de estado, anarquia ou algo nessa ordem.
Ninguém gosta de perder um processo. Você jamais verá algum condenado saindo do tribunal dizendo 'Oba! Fui condenado!' ou com um sorriso no rosto.
E qualquer condenado tem o direito de dizer que não concorda, de expressar seu descontentamento ou mesmo de criticar quem o julgou ou o julgamento em si. E ele pode recorrer contra a decisão. Isso é quase mesmo um lugar comum. Tão esperado que não é sequer notícia de jornal. Quando o condenado é uma figura política ou líder social, é comum que ele tente mudar seu papel de condenado para o papel de injustiçado ou mesmo mártir.
Mas daí a opor-se ao cumprimento da decisão, ou instigar a oposição contra a instituição que decidiu, ou mesmo tentar pressionar pelo descumprimento da decisão ou desrespeito às leis, há uma grande diferença.
Em uma democracia, ao atravessarmos essa linha, saímos do espaço da liberdade de expressão e entramos no campo da desobediência civil e atentado contra o Estado democrático de direito.