"Sob aplausos dos colegas de cadeia, o cirurgião plástico Farah Jorge Farah, 58, deixou ontem a carceragem do 13º DP (Casa Verde), na zona norte, em São Paulo. Ele é réu confesso da morte e esquartejamento de sua paciente e ex-amante Maria do Carmo Alves, 46, em janeiro de 2003. Ainda não foi marcada data para o julgamento.
(...) Farah matou e esquartejou Maria do Carmo em sua clínica, na madrugada de 25 de janeiro de 2003."
Muito cuidado com confissoes. Ate que haja transito em julgado da sentenca, nao devemos dizer que fulano fez ou deixou de fazer algo. Confissao eh apenas mais uma prova. Nao importa quao convencido voce esteja da veracidade da historia/estoria: se voce nao tem como provar o fato, voce nao deve afirmar o que nao viu. Ainda que o suspeito tenha confessado.
Muita gente confessa sem ser culpado. Vira e mexe pais e avos confessam crimes cometidos pelos filhos. As prisoes estao cheias de pessoas que confessaram sob tortura ou ameaca (a si ou a familiar). As prisoes tambem estao cheias de pessoas que "compraram cadeia", como dizem os detentos (alguem confessa um crime que nao cometeu, em lugar de outro preso. Normalmente, como um "favor" para se manter vivo dentro da cela). Outros confessam para "ganhar moral" dentro da prisao. Ha outras pessoas que confessam um crime para se livrar da acusacao de outro (se eu estava cometendo o roubo em Sao Paulo naquela noite, como eh que eu posso ser o mesmo cara que estuprou e matou fulana no Rio na mesma hora?). Outros confessam porque sao malucos. Eu ja cruzei ate com um caso em que a pessoa se entregou a policia convencida de ter envenenado a filha com agua gasosa.
Enfim, a confissao eh apenas uma entre milhares de provas possiveis. Sim, ela tem um grande peso, mas ela nao se sobrepoe as outras provas. Se voce nao viu em primeira mao ou nao tem como provar de forma irrefutavel que a pessoa eh culpada, e ainda nao houve a sentenca transitada em julgado, nao afirme que a pessoa fez ou deixou de fazer algo. Ainda que ela tenha confessado.