"Gostaria imensamente de ter minha dor amenizada por uma manchete que estampasse, em letras garrafais, "GOVERNO ASSASSINA MAIS DE 200 PESSOAS".O assassino não é só aquele que enfia a faca, mas o que, sabendo que o crime vai ocorrer, nada faz para impedi-lo."
Em momento de grandes emocoes tendemos a perder o controle sobre nossas reacoes e acabamos perdendo cuidados essenciais. Se estamos escrevendo, o cuidado deve ser redobrado, pois acabamos escrevendo algo que pode levar a uma injustica.
Acima eh um exemplo claro.
Nao eh soh o erro tecnico sobre o que eh um homicidio e o que eh uma omissao, mas sobretudo o prejulgamento de toda uma situacao. Ate o momento ninguem sabe de quem eh a responsabilidade do acidente, ou se ha uma responsabilidade. As vezes, tragedias nao tem responsabilidades: sao meras fatalidades que, por mais doloridas que sejam, nao podem ser imputadas a ninguem. Acontecem.
Sim, existem milhares de outros problemas e acidentes, recentes e remotos, que podem ser imputados a pessoas, materiais, equipamentos e a instituicoes. Esse pode ser muito bem mais um deles. Ou nao. O ponto eh que ninguem sabe e pre-julgar o novo problema baseado apenas nos fatos anteriores que nao possuem necessaria conexao com o atual eh, no minimo, perder a necessaria perspectiva e serenidade que o jornalista deve tentar manter. Por mais que isso seja desconfortavel ou pouco popular. Ate os piores criminosos sao inocentes ate a prova em contrario.