"O principal trunfo que Renan Calheiros (PMDB-AL) conta para evitar a cassação na próxima quarta-feira, o voto secreto, sobrevive até hoje no Congresso graças a uma "mão amiga" da Câmara, que paralisou há um ano a tramitação da emenda à Constituição que torna abertas todas as votações.
Na última quarta-feira foi aniversário de um ano da aprovação (383 votos a zero) em primeiro turno, no plenário da Câmara, dessa emenda"
As emendas à Constituição precisam ser aprovadas duas vezes em cada uma das duas casas (Senado e Câmara). E não é uma aprovação qualquer: em ambos os casos, a aprovação precisa ser por 3/5 dos votos possíveis (308 deputados e 47 senadores). As emendas à constituições (chamadas comumente de PEC) são as propostas mais difíceis de serem votadas. Isso porque a Constituição é - ou deveria ser - o documento mais importante e sólido do país. É nela que todas as outras normas se baseiam. Quando a Constituição balança, as outras normas sofrem verdadeiros terremotos. É por isso que a própria Constituição estabelece que sua modificação precisa passar por um critério especial como o descrito acima.
Mas se você acha que esse critério é muito difícil de ser alcançado, reparem o que diz o artigo 5o da Constituição norte americana: "The Congress, whenever two thirds of both Houses shall deem it necessary, shall propose Amendments to this Constitution (...)". Para que a proposta de emenda seja iniciada são necessários 3/5 dos representantes". Ou seja, para que a proposta seja objeto de consideração nos EUA, são necessários o mesmo percentual para que ela seja aprovada no Brasil (3/5).