Quando consumimos aquilo que é proibido sentimos maior prazer. Isso é válido tanto para chocolates quanto para drogas, e os formuladores de políticas públicas precisam levar isso em consideração. Essa é a conclusão da pesquisa da professora Kelly Goldsmith, da Universidade de Northwestern, mestre e doutora pela universidade de Yale.
Leia abaixo os principais pontos da entrevista exclusiva para o Pensando Direito.
Sua pesquisa conclui que a culpa aumenta o prazer daquilo que é consumido. Você pode explicar por que isso acontece?
Quando o sentimento de culpa é ativado, as pessoas experimentam maior prazer no consumo hedonista, como o consumo de chocolate. Há uma associação cognitiva em nossas mentes entre culpa e prazer. Quando ativamos a culpa, também ativamos pensamentos e sentimentos relacionados ao prazer.
Os resultados de nossos estudos sugerem que as campanhas públicas que vinculam as atividades ilícitas (por exemplo, tabagismo e abuso de drogas) com a culpa podem ser contraproducentes. Para os não-usuários, é possível que a associação de culpa com a atividade ilícita diminua a probabilidade de usar a substância, o que é bom. Mas, para quem já é usuário, é possível que a associação entre culpa e atividade ilícita aumente o prazer do consumo. Obviamente, isso pode levar a consequências negativas, como diminuir a probabilidade de interrupção do uso.
Os formuladores de políticas públicas precisam tomar cuidado com as consequências de associarem culpa, uma emoção ligada ao prazer, com o consumo de produtos ilícitos. Enquanto isso pode dissuadir os não-usuários, também pode ter efeitos indesejáveis sobre os usuários atuais, por meio de aumento do prazer.
Você vê uma maneira de os formuladores de políticas públicas coibirem comportamentos indesejáveis e, ao mesmo tempo, evitarem aumentar o prazer de quem desrespeita a lei?
Para não usuários, associar culpa com o consumo pode funcionar e, dessa forma, usar tais materiais na educação de crianças ainda novas, como parte do processo de educação em relação aos perigos das drogas, é uma estratégia útil para redução de seu interesse. No entanto, quando direcionada aos usuários como parte de um esforço para dissuadir o consumo futuro, devemos usar outras táticas.
Essa associação entre prazer e culpa aumenta o número de indivíduos que procuram o prazer proibido, ou se ele só aumenta o prazer daqueles que consomem esses produtos?
Temos apenas testado como a culpa afeta o prazer do consumo. Ainda não testamos como a culpa afeta a probabilidade de fazer uma escolha pecaminosa. Os resultados sugerem que na escolha, a culpa pode de fato reduzir a probabilidade de selecionar o bem indulgente. No entanto, uma vez que selecionado, ele é apreciado mais.
Estamos vivendo em uma sociedade com regras mais rigorosas. Quais as possíveis consequências desta mudança?
Se essas novas normas aumentam o sentimento de culpa, também é possível que, ao fazê-lo, possam estar aumentando o prazer de infringi-las e consumir ou fazer o que é proibido. E precisamos manter isso em mente.
Leia abaixo os principais pontos da entrevista exclusiva para o Pensando Direito.
Sua pesquisa conclui que a culpa aumenta o prazer daquilo que é consumido. Você pode explicar por que isso acontece?
Quando o sentimento de culpa é ativado, as pessoas experimentam maior prazer no consumo hedonista, como o consumo de chocolate. Há uma associação cognitiva em nossas mentes entre culpa e prazer. Quando ativamos a culpa, também ativamos pensamentos e sentimentos relacionados ao prazer.
Os resultados de nossos estudos sugerem que as campanhas públicas que vinculam as atividades ilícitas (por exemplo, tabagismo e abuso de drogas) com a culpa podem ser contraproducentes. Para os não-usuários, é possível que a associação de culpa com a atividade ilícita diminua a probabilidade de usar a substância, o que é bom. Mas, para quem já é usuário, é possível que a associação entre culpa e atividade ilícita aumente o prazer do consumo. Obviamente, isso pode levar a consequências negativas, como diminuir a probabilidade de interrupção do uso.
Os formuladores de políticas públicas precisam tomar cuidado com as consequências de associarem culpa, uma emoção ligada ao prazer, com o consumo de produtos ilícitos. Enquanto isso pode dissuadir os não-usuários, também pode ter efeitos indesejáveis sobre os usuários atuais, por meio de aumento do prazer.
Você vê uma maneira de os formuladores de políticas públicas coibirem comportamentos indesejáveis e, ao mesmo tempo, evitarem aumentar o prazer de quem desrespeita a lei?
Para não usuários, associar culpa com o consumo pode funcionar e, dessa forma, usar tais materiais na educação de crianças ainda novas, como parte do processo de educação em relação aos perigos das drogas, é uma estratégia útil para redução de seu interesse. No entanto, quando direcionada aos usuários como parte de um esforço para dissuadir o consumo futuro, devemos usar outras táticas.
Essa associação entre prazer e culpa aumenta o número de indivíduos que procuram o prazer proibido, ou se ele só aumenta o prazer daqueles que consomem esses produtos?
Temos apenas testado como a culpa afeta o prazer do consumo. Ainda não testamos como a culpa afeta a probabilidade de fazer uma escolha pecaminosa. Os resultados sugerem que na escolha, a culpa pode de fato reduzir a probabilidade de selecionar o bem indulgente. No entanto, uma vez que selecionado, ele é apreciado mais.
Estamos vivendo em uma sociedade com regras mais rigorosas. Quais as possíveis consequências desta mudança?
Se essas novas normas aumentam o sentimento de culpa, também é possível que, ao fazê-lo, possam estar aumentando o prazer de infringi-las e consumir ou fazer o que é proibido. E precisamos manter isso em mente.