O resultado da análise é que, ao menos da Inglaterra, o roubo a bancos compensa, mas não muito. Como em cada roubo o ladrão leva em média algo como £12,7 mil (R$ 41 mil), isso significa que ele precisa roubar mais de dois bancos por ano para ganhar mais do que ganharia só com o salário-desemprego do país, que é de £26 mil (R$ 84 mil). Mas como na Inglaterra o ladrão é preso, em média, após seu terceiro ou quarto roubo, e acaba condenando em média a 14 anos de prisão, ele descobre rapidamente que é melhor ficar em casa assistindo televisão e recebendo o salário-desemprego do que se arriscando roubando bancos.
Como a revista explica, “o crime é uma atividade econômica como qualquer outra: tem seus lucros e prejuízos, seus riscos e retornos. Ele também depende de insumos e tem custos, como trabalho e capital. Logo, ele pode ser analisado da mesma forma como qualquer outra atividade econômica”.
Roubos a restaurantes no Brasil seguem a mesma lógica econômica: mesmo que o montante roubado seja baixo, como as chances de ser preso são pequenas e as de uma condenação são ainda menores, ele acaba compensando se comparado a crimes como roubo a bancos (onde a segurança é muito maior) ou explosão de caixas eletrônicos (onde a possibilidade de as cédulas serem destruídas ou invalidades – ou seja, de perder o lucro – é grande). Para complicar, há relativamente poucos caixas eletrônicos e agências bancarias, se comparados com o número de restaurantes e bares, além de cada bar e restaurante demandar um sistema de segurança diferente. Já caixas eletrônicos e agências bancarias são praticamente idênticos: o sistema que se usa em um pode ser facilmente usado em outro, o que diminui o custo por unidade protegida. Por fim, em bares e restaurantes, quem tem mais a perder é o freguês (restaurantes guardam pouco dinheiro no caixa), enquanto no banco, o banco é quem tem mais a perder. Ou seja, no caso dos restaurantes, quem mais pode prevenir o crime não tem incentivo financeiro para fazê-lo porque perde relativamente pouco; enquanto quem mais perde (o freguês), não pode fazer nada para prevenir o crime (exceto deixar de frequentar restaurantes).